A Grande Guerra, entre 1914-1918
A Primeira Guerra Mundial
I – Contextualização
Também designada por “A Guerra das Guerras”, tal a sua virulência e inevitáveis consequências devastadoras, não só para os países diretamente envolvidos e suas populações, como para o mundo em geral.
A sua origem está geralmente associada ao assassinato do herdeiro ao trono Austro-Húngaro, o Arquiduque da Áustria Franz Ferdinand (1863-1914) e de sua mulher,em Sarajevo a 28 junho 1914. O assassinato foi protagonizado por um nacionalista sérvio (Gavrilo Princip), durante a visita que realizaram àquela cidade. Acto contínuo, decorrido apenas um mês sobre o trágico acontecimento, a Áustria-Hungria culpou a Sérvia pelo ataque, declarando-lhe guerra.
A Rússia, assumido aliado da Sérvia, saltou inevitavelmente em seu apoio. Ficaram assim reunidos todos os ingredientes para que os aliados de ambos os lados se envolvessem no conflito. Apesar do teatro das operações se concentrar no território da Flandres (França e Bélgica), todo o continente europeu ficou em guerra, arrastando mais tarde o continente americano (Estados Unidos da América – praticamente no final do conflito, em 1917 -, Canadá, Brasil e Cuba) e outros países do Império Britânico, África do Sul, Japão, Grécia, Império Turco-Otomano e Austrália, entre outros. O que começou por ser um conflito local, transformou-se, como um acender de fósforo, numa guerra global, mortífera e económica e socialmente devastadora.
Contudo, as verdadeiras razões são bem mais profundas, e como quase todas as outras guerras que a antecederam ou se lhe seguiram, radicaram, como regra, em motivações políticas e económicas e nas tensões acumuladas por esses motivos. Aquele assassinato foi apenas a faísca que despoletou esta guerra, em si mesma uma das mais mortíferas da história dos povos, já para não falar na influência que teve numa outra ocorrida em 1939 e que duraria até 1945, igualmente mortífera, mais duradoura e, colateralmente, geradora do maior genocídio da história universal – o holocausto -, ou seja, a Segunda Guerra Mundial, uma guerra igualmente global.
A Guerra de 1914-18, vitimou 8 milhões de militares e quase 7 milhões de civis, de ambos os lados do conflito. Quinze milhões de vidas humanas que se perderam ingloriamente, porque nas circunstâncias de uma guerra, não pode haver atributos de glória que se sobreponham à Vida Humana, a tantas vidas que se perderam ou ficaram para sempre limitadas pela deficiência física, pela debilidade psíquica ou pela miséria. Foram milhões de famílias que esta guerra, mais uma de tantas,estigmatizou para o resto das suas vidas.
Por curiosa coincidência de números, esta guerra terminaria às 11 horas e 11 minutos, do dia 11 de novembro de 1918, tendo sido desencadeada em 28 julho 1914.
Se não bastassem os horrores desta guerra e os consequentes destroços patrimoniais e humanos resultantes do conflito armado propriamente dito, acresceria a estes os nefastos efeitos da utilização do ultra-venenoso gás-mostarda, causador da destruição de mais outros tantos milhares de vidas, arruinando sobretudo a Europa.
Se tudo isso não bastasse, insistimos, após a guerra, o mundo passou a enfrentar mais uma dramática calamidade, a pandemia da gripe, que infetaria um terço da população mundial.
Cerca de um ano antes de findar a Grande Guerra, eclode na Rússia a Revolução Bolchevique de Outubro 1917.
Em Portugal, segundo os relatos da época, dá-se o “Milagre do Sol”, no dia 13 de outubro de 1917, ao que consta testemunhado por cerca de 70 mil pessoas, num terreno da Cova da Iria, perto de Fátima. Aquele milagre, que veio a tornar-se mundialmente consagrado como o Milagrede Fátima, corresponde ao aparecimento de Nossa Senhora do Rosário de Fátima aos três pastorinhos - Jacinta, Lúcia e Francisco -, entretanto canonizados e venerados na Basílica de Fátima.
Na história da humanidade raras vezes se terá verificado uma tão grande e tão diversificada conjugação de acontecimentos tão marcantes e influenciadores no porvir da Humanidade. Embora parecendo não haver ligação entre si, a verdade é que não estão assim tão desligados.
De tão devastadora, parecia que todos os limites teriam sido atingidos com a Primeira Guerra Mundial. Na época, julgavam os mais crédulos que ela poria fim a todas as outras guerras. Infelizmente, porém, as punições e as feridas deixadas no orgulho dos alemães com a assinatura do Tratado de Versalhes, em 1920 - que ratificou o fim ao conflito -, mostraram, passados escassos vinte anos, quão vã era essa esperança. Em 1939, com a invasão da Polónia, a mesma Alemanha iniciava uma não menos devastadora e brutal guerra à escala mundial, sob o alucinado comando de Adolf Hitler, a já referida Segunda Guerra Mundial.
II – A participação portuguesa
Feita esta brevíssima contextualização, tendo em conta um tema tão vasto e complexo como este, centremo-nos na participação de Portugal.
Regra geral, imagina-se menos avisadamente que a participação das tropas portuguesas foi, por um lado, exclusivamente das forças terrestres - o Exército regular - e, por outro, se resumiram à Flandres (territórios da França e Bélgica). Efetivamente, a propriamente dita Primeira Guerra Mundial, foi uma guerra global, mas centrada no coração da Europa, em particular naqueles dois países.
Mas no que respeita a Portugal ou melhor aos militares portugueses da época, na verdade, eles combateram concomitantemente em outras quatro frentes: em terra, no Sul de Angola e no Norte de Moçambique, desde 1914; e no mar, Atlântico Central, Sul e Índico também desde 1914.
A mobilização para a Flandres deu-se três anos mais tarde, em 1917, já o conflito ia muito adiantado e no seu auge. Viria a terminar em 28 novembro de 1918. Mas apesar de mais tardia, foi esta frente europeia a que veio a suscitar o maior mediatismo e consequente atenção da população portuguesa e dos estudiosos, porque foi também ela a que piores consequências causou, não só para Portugal, como para todo o Mundo.
Com tantas frentes de batalha e tão escassos meios humanos e materiais para as alimentar, tornou-se para Portugal e para os portugueses um tremendo e pouco glorioso esforço, não obstante a coragem e a bravura dos nossos militares, os únicos verdadeiros heróis desta infeliz participação. Mas, sendo assim, o que levou então os governantes portugueses a decidirem a nossa entrada na guerra, se nada tivemos a ver com a origem do conflito?
Ora vejamos.
O início da guerra deu-se em meados de 1914, tinha a novel República Portuguesa menos de quatro anos de existência, resultando a mesma de um processo revoltoso bem-sucedido contra a fragilizada Monarquia Portuguesa. A implantação do novo regime republicano deu-se em 5 de outubro de 1910.
Os novos governantes necessitavam, por um lado, de afirmar e consolidar internamente o novo regime republicano, perante uma população ainda dividida entre monárquicos nostálgicos e republicanos esperançosos numa nova vida, e de o credibilizar a nível internacional, por razões políticas, naturalmente, mas também por imperiosas necessidades económicas e financeiras. É forçoso recordar que uma boa parte dos países europeus vivia sob regime monárquico, incluindo o nosso aliado histórico – a Inglaterra -, como mais adiante explicaremos, não podendo, por isso, simpatizar com o novo regime republicano português.
O Ideal republicano que impulsionou os líderes revoltosos, depois tornados governantes, não foi suficiente para os aglutinar em torno das questões mais prosaicas da governação, nem para amenizar as divergências políticas e as rivalidades interpartidárias que minavam a coesão nacional e, consequentemente, para enfrentar o ambiente internacionalmente hostil que se levantava.
Isto por um lado, e, por outro, se a inexperiência na governação causava problemas a nível interno, na cena internacional as coisas não estavam melhores. Muito pelo contrário. Faltava aos nossos governantes experiência e até a vivência para o estabelecimento de relações e influências diplomáticas para afirmarem o Portugal republicano além-fronteiras.
Portugal apenas mantinha relações especiais com a Inglaterra, o que era essencialmente devido a mútuos interesses comerciais e a razões históricas, decorrentes estas da existência entre os dois países da “mais velha aliança do Mundo”, originalmente estabelecida por D. João I com a Inglaterra, em 1373. E não obstante as vicissitudes por que tal aliança passou desde então, com aproximações e afastamentos sucessivos entre os dois países, colocando-os algumas vezes em posições bélicas antagónicas, com Portugal a colocar-se ao lado de países hostis a Inglaterra (caso da Espanha, por exemplo, estando Portugal sob domínio filipino), foram os ingleses que nos socorreram em momentos cruciais da nossa história. Assim aconteceu contra as tropas napoleónicas, durante as três “invasões francesas” (1807-1810), o que nos permitiu escorraçá-las, bem como na decisiva batalha nos campos de Aljubarrota (1385) contra os espanhóis, na qual saímos vencedores, sob o comando do Mestre de Avis e de D. Nuno Álvares Pereira. Em ambas se jogava a independência nacional.
Mas ao longo das épocas, como a História nos mostra, as relações entre países e as eventuais alianças alteram-se, consoante as circunstâncias e os interesses de cada um em dado momento. Foi assim que a antiga aliança Luso-Britânica perdeu importância para os ingleses. Maiores interesses se lhes depararam, nomeadamente, nos territórios ultramarinos, face à “concorrência” de Portugal e correspondente ameaça contra tais interesses.
O continente africano, onde Portugal já detinha os ricos territórios de Angola e Moçambique, para além da Guiné, era muito apetecido pelas maiores potências europeias, nas quais se encontrava a Inglaterra – a maior potência na época, governada pela célebre Rainha Vitória - e a Alemanha.
Portugal aspirava ligar transversalmente os territórios angolano e moçambicano, anexando os que se encontravam entre eles. Para esse efeito, foram realizadas explorações terrestres[1]daí resultando o conhecido “Mapa-Cor-de-Rosa”.
Vã cobiça aquela, já que os nossos “aliados” ingleses tinham igualmente fortes ambições para aquele espaço, designadamente a construção de uma linha férrea entre a África do Sul e o Egito, países sob o seu domínio na época, e detinham fortíssimos interesses económicos e geoestratégicos, que viriam anos mais tarde a perder, tal como aconteceu com Portugal.
A “Conferência de Berlim” de 1884, reunindo as principais potências europeias com olhos postos no continente africano, determinou a ocupação pela força dos territórios situados entre Angola e Moçambique também disputados pelos portugueses, como antes referido.
Alemanha e França, visando outros interesses, comprometem-se a não intervir naquela área, deixando a decisão para os ingleses. Por fim, em 1890, estes lançam um Ultimato a Portugal, seguindo o velho princípio de “amigos, amigos, negócios à parte”: Portugal ou abandonava a ideia do “mapa-cor-de-rosa” - apesar de internacionalmente aceite, diga-se - ou enfrentaria uma guerra local.
O Governo português[2]- apoiado peloRei D. Carlos -, cede de imediato ao Ultimato, gerando reações nacionalistas e antibritânicas, assim como um movimento de contestação à Monarquia. Um passo mais para a implantação da República, quinze anos mais tarde.
No entanto, caída a monarquia, o regime republicano manteria os fortes interesses portugueses em África e particularmente naquelas duas colónias, importantes fontes de matérias-primas e de riqueza variada. Por conseguinte, a política ultramarina manteve-se intacta e só com a revolução ocorrida em 25 de abril de 1974 viria a ser definitivamente posta de parte.
Tais interesses, porém, voltaram a ser ameaçados em 1913, novamente pela Inglaterra e desta vez também pela Alemanha[3], já que estes dois gigantes europeus, celebrando um acordo secreto, pretendiam dividir entre si os nossos territórios ultramarinos, como forma até de sanar os conflitos entre ambos.
Portugal encontrava-se muito fragilizado pelas lutas políticas internas e pela instabilidade governativa, estando os sucessivos governos muito focados na própria sobrevivência. Por conseguinte, o que se passava para além das suas fronteiras continentais passava-lhes ao lado, incluindo aquelas ameaças ultramarinas.
Por outro lado, como dissemos mais atrás, faltava aos governantes portugueses[4]experiência em relações internacionais e vivência diplomática, tão necessárias para afirmarem além-fronteiras o Portugal republicano, uma vez que apenas a República Francesa o apoiava, o que não surpreende. Em contrapartida, o nosso velho “aliado” inglês mantinha uma mal disfarçada desconfiança em relação ao Governo Português. E a forma que este encontrou para uma tal afirmação foi querer participar na guerra, enviando tropas para a Flandres.
A Inglaterra tentou dissuadir-nos dessa pretensão. Um tanto paternalisticamente, o Ministro dos Negócios Estrangeiros Britânico chegou mesmo a sugerir que reservássemos os nossos meios para defesa dos nossos territórios continentais e ultramarinos.
Contudo, tal “aconselhamento”, não obstou a que a mesma Inglaterra, acompanhada da França, nos solicitasse a cedência de algumas peças de artilharia, ao que os nossos governantes acederiam na condição de a mesma ser operada por artilheiros portugueses, apoiados por uma divisão de Infantaria.
A nível interno, a participação no conflito europeu não colhia unanimidade e era mesmo fortemente contestada, tanto ao nível do espetro partidário, como da população portuguesa. Contrariamente, a afetação de meios e de tropas para defesa do Ultramar não era posta em causa.
Por fim, todas as divergências externas e internas, acabariam porficar sanadas com a participação de Portugal na I Guerra Mundial, ao lado, evidentemente, da Inglaterra e dos aliados ocidentais desta, contra a Alemanha e seus aliados, austro-húngaros e outros. E, no entanto, a situação económico-financeira e a social recomendariam que tomássemos a atitude prudente sugerida por aquele Ministro inglês, ou seja, que não só não entrássemos no conflito europeu, como nem sequer fizéssemos qualquer declaração de beligerância. Mas se esta viesse a ser feita, que não fosse invocado (como justificação certamente) o Tratado de Aliança entre os dois países.
Fica claro, por um lado, que, não obstante as objeções da Inglaterra, Portugal pretendia entrar no conflito europeu a todo o custo,: i) por razões de afirmação do país na cena internacional, tendo especialmente em conta o que de benéfico poderia emergir do pós-guerra; ii) por sede de vingança contra as derrotas e prejuízos que a Alemanha nos infligiu no Ultramar[5].
No entanto, preferia fazê-lo a coberto da Aliança com a Inglaterra e não mediante uma declaração de guerra á Alemanha.
Portugal teve, por conseguinte, de encontrar o seu próprio pretexto para declarar guerra à Alemanha e tal foi a circunstância de se encontrarem navios alemães fundeados em portos nacionais e o respetivo apresamento. No total foram 72 navios[6], 50 dos quais cedidos a Inglaterra, ficando os restantes para uso por Portugal. Em consequência desta atitude, em março de 1916, a Alemanha não teve outra alternativa senão declarar guerra a Portugal.
Portugal entraria finalmente no conflito em 1917.
Contudo, essa participação realizou-se em condições muito penosas e algo precipitadas, face ao pouco tempo de preparação que mediou entre aquela declaração de guerra a Portugal e a partida para a Flandres. O exército, quer em termos absolutos, quer comparativamente com os restantes países que participaram no conflito, não estava suficientemente preparado, quer em equipamentos militares modernos e adaptados às exigências do terreno em que a guerra se desenvolveu, quer às adversas condições climatéricas que as tropas portuguesas viriam a enfrentar, não dispondo até do vestuário apropriado. É forçoso não esquecer o tremendo esforço militar e o consequente dispêndio que Portugal teve de fazer no período coincidente com a frente europeia, entre 1914 e 1917, sobretudo para conservar os territórios ultramarinos, como anteriormente explicado.
Para a guerra na Europa, na Flandres, foi propositadamente formado o Corpo Expedicionário Português (CEP), constituído por tropas de infantaria e uma divisão de artilharia pesada, num total de 55.000 militares, tendo sido integrados no exército inglês e sob as ordens do respetivo comandante.
A preparação apressada, diga-se, decorreu num campo de treinos, em Tancos, perante a oposição da maioria da população e dos partidos, como dito antes, mas também, dos próprios oficiais, certamente por reconhecerem a falta de meios e a impreparação das tropas que iriam chefiar. Fosse como fosse, o CEP acabaria por partir para a Flandres em fevereiro de 1917.
Perante um quadro tão conflituoso a nível interno, deu-se mais uma queda de governo, em dezembro 1917, mal as tropas portuguesas tinham chegado às trincheiras. Se não bastassem os múltiplos sacrifícios da guerra, nada mais de pior lhes podia ter acontecido. O CEP manteve-se bravamente no terreno, mas praticamente entregue à sua sorte. Deixou de receber os tão necessários reforços militares e, pasme-se, até de abastecimento, e para cúmulo, muitos dos oficiais após o gozo de licença em Portugal já ali não regressaram.
Pouco restava das nossas esforçadas tropas na frente de batalha, mas das duas divisões que ali permaneceram, uma delas enfrentou bravamente as alemãs, que atacando em sucessivas vagas com quatro divisões aniquilaram praticamente os nossos militares. Graças a essa heroica resistência, o pequeno contingente português conseguiu atrasar a progressão do exército alemão, impedindo-o de chegar à costa marítima, como era seu objetivo, mas com tremendos custos para as nossas hostes. Sofremos milhares de mortes e muitos ficaram prisioneiros dos alemães.
Continuando entregues a si mesmos, o que restava, formando três batalhões de infantaria[7], voltou para a frente de batalha continuando integrados no exército inglês, combatendo até à assinatura do Armistício, em 11 novembro 1918.
No final de tudo, depois de tantas vidas perdidas em combate*, de tantas sequelas individuais que perduraram ao longo da vida e de tantos sacrifícios infligidos à população, o que lucrámos, enquanto Nação? Na verdade, muito pouco, ou nada mesmo, face a tão grande sacrifício coletivo. A nível interno, a coesão nacional não foi conseguida, tal como a estabilidade governativa. A Primeira República democrática resultante da queda da Monarquia caminhou de mal a pior, com a economia totalmente arrasada e o ambiente social instabilizado, dando azo à revolta militar do 28 maio de 1926 e, a partir daí, ao regime ditatorial do Estado Novo, baseado na Constituição de 1933.
Nem sequer a nível mundial o fim da Primeira Guerra trouxe uma paz duradoura. Vinte e um anos mais tarde, outro conflito mundial, novamente tendo como principal protagonista a Alemanhaa, voltou a incendiar a Europa e muitos outros países de praticamente todos os restantes continentes. Felizmente, Portugal manteve a neutralidade que não quis ter na Guerra de 1914-18. O sofrimento que isso causou parece ter servido de lição. Salvou-se pelo menos isso!
a) À margem a foto do vagão, que serviu de palco a dois actos históricos, que interligam a I e a II Guerra Mundial: a assinatura do "Armistício de Compiégne", consagrando a rendição da Alemanha e, implicitamente, a vitória dos Aliados na Primeira Guerra Mundial; e, vinte anos mais tarde, inversamente, a assinatura do convénio que formalizou a ocupação da França pela Alemanha Nazi. V. mais detalhes em "Primeira Guerra Mundial-1914-18 - Homenagem aos Combatentes da Freguesia de Montalvão", neste portal.
* Notas finais:
1 –Dos 55.000 militares inicialmente envolvidos na Flandres, 14623 foram considerados mortos ou ficaram feridos e inutilizados;
2 – Para o Ultramar seguiram 50.150 militares, dos quais se perderam cerca de 21.000;
3 – Àquelas mobilizações acrescem 12.383 para defesa de Cabo Verde, Açores e Madeira;
4 – A mobilização geral de mancebos, incluindo os que ficaram no continente, foi de cerca de 160.000 homens.
Luís Gonçalves Gomes
4 outubro 2020
Fontes bibliográficas:
1 – FERREIRA, João José Brandão (Tenente-coronel Piloto Aviador), artigo in Revista Militar, “Portugal na I Guerra Mundial”, Revista n.º 2553 de outubro 2014;
2 – Cf notas de rodapé e informação geral não especificada.
3 - Fotos da Guerra: El País, 11nov2018; restantes através da internet, sem autor especificado.
[1] Por Hermenegildo Capelo e Roberto Ivens, que fizeram a ligação terrestre em 1884.
[2] À data do Ultimato, 11 janeiro 1890, liderado por José Luciano de Castro até 14 janeiro 1890, o qual foi substituído neste mesmo dia por António Serpa, que governou apenas até 14 outubro 1890. Após este, o Governo passou a serchefiado por João Crisóstomo, até 17 janeiro 1892. Daqui se depreende a instabilidade governativa causada pela “capitulação”, face a Inglaterra.
[3]Certamente por julgarem o governo português muito enfraquecido pelas divergências e lutas partidárias internas e pela frágil situação económico-financeira, os Alemães, sem qualquer declaração de guerra, atacaram no norte de Moçambique, em agosto de 1914 e no sul de Angola dois meses depois. Em defesa desses territórios seguiram para os mesmos quatro contingentes de forças militares, o último dos quais no início de 1917.
[4]Tão ironicamente retratados pelas personagens imaginadas por Eça de Queirós, como um certo provincianismo e clientelismo. Embora referentes a época mais recuada, ainda assim conservavam atualidade, até aos dias de hoje.
[5] Perderam-se 4800 vidas, em combate e por doença.
[6]https://pt.wikipedia.org/wiki/Portugal_na_Primeira_Guerra_Mundial
[7] No total por volta de 2.000 homens apenas cerca de 4% do contingente inicial (55.000)