Arte Rupestre (1)
Montalvão, para além de estar integrada nos “Itinerários Templários de Portugal”, como referido no separador que lhes dedicamos neste “sítio” , faz igualmente parte da área ou corredor da “Arte Rupestre do Vale do Tejo”, a qual engloba várias estações arqueológicas situadas entre dois afluentes do rio Tejo, o Ocreza e o Sever.
São múltiplas as manifestações de arte rupestre na nossa região, sendo estas evidências essencialmente caraterísticas do período pós-paleolítico.
Foram identificados milhares de desenhos nas onze estações referenciadas, tendo muitas delas, infelizmente, ficado submersas pela inevitável subida das águas, resultante da construção da barragem do Fratel, finalizada em 1973. É corrente considerar-se, aliás, que tudo o que ficou submerso, seria mais importante e numeroso do que o existente em Foz Côa, o que, aliás, pouco ou nada importa agora relevar, por inconsequente.
Ainda assim, é possível visualizar entre Salavessa e Montalvão cinco estações, algumas das quais são das mais importantes da arte rupestre do Vale do Tejo, designadamente: 1050 junto à foz do ribeiro de Ficalho; 2140, no Cachão do Algarve; cerca de 20, Lomba da Barca; 1300, no Alagadouro; 3800, no Cachão de S. Simão. Tratando-se na sua grande maioria da figuração de formas abstratas e círculos, eventualmente representando o sol – o astro-rei -, na Lomba da Barca situa-se a que poderá ser a mais evoluída e importante de todas elas: uma figura humana, transportando à cabeça um animal.
Relativamente à arte funerária, que os povos pré-históricos praticaram como culto dos seus mortos, também há evidências na região de Montalvão e Salavessa. No âmbito de um estudo realizado em 1980 por arqueólogos, com relação aos concelhos de Vila Velha de Ródão e Nisa, foram localizadas 13 antas na região de Montalvão e 20 na da Salavessa. Infelizmente, porém, o seu estado de conservação é deplorável.
Posteriormente, em 1988, o trabalho de arqueologia desenvolvido pela equipa do arqueólogo Jorge Oliveira, permitiu identificar mais 14 antas entre Montalvão e a Barragem de Cedilho.
A existência de uma tão grande quantidade e concentração de monumentos megalíticos, neste caso em xisto (noutras zonas prevalece o granito), por essa a matéria-prima predominante, permite inferir que a região onde foram implantados seria densamente habitada e daí poder-se admitir igualmente que sobre o morro onde muito mais tarde foi implantado o castelo de Montalvão, possa ter existido um povoado pré-histórico, fortificado como se impunha.
Poderá ter sido esta a origem mais remota de Montalvão?
Poderão igualmente em tais vestígios encontrar-se as origens mais remotas da Salavessa?
Luís Gonçalves Gomes
19 janeiro 2016
Bibliografia:
(1) ROSA, Jorge, “Montalvão - Ecos duma História Milenar”; Ed. Colibri; pgs. 13 a 25 e
BENTO, Luís Mário Correia, "Salavessa - Um contributo para a sua história"; Edição de autor; pgs. 13 a 23.